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06 Novembro

Arteterapia: definição e benefícios

As artes, como toda expressão não verbal, favorecem a exploração, expressão e comunicação de aspectos dos quais não somos conscientes. Neste sentido, o trabalho com as emoções através da arteterapia melhora a qualidade das relações humanas porque se centra no fator emocional, essencial em todo ser humano, nos ajudando a ser mais conscientes de aspectos obscuros, e facilitando deste modo o desenvolvimento da pessoa (Duncan, 2007).

A arteterapia se preocupa com a pessoa. Não é um projeto sobre ela, e sim um projeto com ela, a partir de seu mal-estar e de seu desejo de mudança. A partir das diferença pessoais e culturais, trata de atualizar as condições da produção criativa, de perceber as especificidades dos meios utilizados e compreender seus impactos (Bassols, 2006).

A arteterapia pode ser definida como uma disciplina com especificidades e limites concretos. É uma ajuda – terapia para alguns – que utiliza as artes plásticas como meio para recuperar ou melhorar a saúde mental, o bem-estar emocional e social da pessoa. Os objetivos da arteterapia são os mesmos dos da psicoterapia.

Esta ajuda foca a arte como forma de comunicação, deste modo, ajuda a expressar e comunicar sentimentos, facilitando a reflexão, a comunicação, e permitindo as mudanças necessárias no comportamento. A criação artística, tomada como ação, coloca em marcha um processo: intervém no espaço terapêutico e invade a realidade, reavaliando-a.


As artes que são utilizadas na terapia psicológica


As artes visuais são as utilizadas na terapia. Falamos de pintura, barro, colagem, artes cênicas como a atuação, contos, teatro da lembrança, jogos de função, marionetes. Com a música se utiliza o ritmo, sons, voz, instrumentos, e na escrita podem ser utilizados diferentes gêneros. A arteterapia é uma forma de dizer a verdade brincando com o simbólico. As experiências na criação podem representar atos de agressividade, abandonos, perdas, sentimentos, e o fazem de forma indireta, sem uma intencionalidade (Bassols, 2006).

No trabalho teatral, dramático ou com palhaços, o paciente fala dele por meio do personagem. É a arte da ação através do personagem de ficção, um processo de criação individual e/ou coletivo que se situa entre dois mundos: a realidade e a ficção. Nas produções de barro se estabelece um diálogo com a matéria, trata-se de favorecer o reencontro da pessoa com a matéria e acompanhá-la no percurso que vai do barro até a si mesma.

Na pintura, se dá um primeiro passo de desbloqueio, deixando-se levar pelas imagens que venham, os traços, as formas, as cores, buscando que a mão fuja da censura do olho, como uma desinibição, para organizar, em um segundo momento, e pouco a pouco ir adentrando no mais profundo da pessoa.

Na dança existe um início, um momento de conscientização do próprio movimento, no sentido de escutá-lo e se escutar através desse dinamismo, permitindo, posteriormente, uma aproximação para si mesmo e facilitando a comunicação com o outro. No trabalho de voz busca-se e utiliza-se a voz natural, desbloqueia-se a respiração; se cria e se transforma a partir de improvisações, combinando diversas qualidades de sons.

Por outro lado, a escrita possibilita novas formas para jogar com a imaginação a partir das próprias experiências e vivências. Aparecem situações e companheiros imaginários, itinerários diversos, até chegar à recreação de relatos e contos na ficção.


Trabalhar com as emoções na arteterapia


As emoções têm uma importância fundamental no desenvolvimento e nas experiências humanas. Na arteterapia, o trabalho com as artes ajuda no desenvolvimento pessoal e emocional. São manejadas quatro fases para trabalhar as emoções na arteterapia: nomear, explorar, experimentar e integrar. As emoções são nossa forma de comunicação primária e podem ser mais importantes do que as palavras. Se as palavras não vão acompanhadas das emoções apropriadas, dificilmente serão acreditadas (Duncan, 2007).

Normalmente, quando expressamos algo com emoções, utilizamos gestos, imagens, metáforas verbais e tons de voz para nos comunicar melhor com outras pessoas. Nos ajudam a entender e expressar muito mais do que as palavras sozinhas, quando as emoções são coerentes com estas palavras. As artes, como toda expressão não verbal, favorecem a exploração, expressão e comunicação de aspectos dos quais não somos conscientes.

O trabalho com as emoções através da arteterapia melhora a qualidade das relações. Ele se centra no fator emocional, nos ajudando a sermos mais conscientes de aspectos obscuros, e facilitando deste modo o desenvolvimento da pessoa. As emoções básicas, como o medo, a raiva, a alegria, o amor, a tristeza e os sentimentos incômodos, são essenciais e necessários para o equilíbrio emocional de todas as pessoas.

Todas as emoções incidem em nossas capacidades cognitivas, em nossa saúde física e em nosso rendimento profissional. A saúde da inteligência emocional contribui para a capacidade de expressar, diante de uma situação, emoções adequadas, a níveis conscientes. Implica também a capacidade de entender a manifestação emocional do outro de forma apropriada e a partir da empatia.

O trabalho com as artes ajuda no desenvolvimento pessoal e emocional. O inconsciente funciona mais com símbolos do que com palavras pensadas, por isso o uso das artes facilita o processo de reflexão e seu desenvolvimento. Pode-se comunicar muito mais através das artes, principalmente de forma inconsciente, já que as imagens transmitem mais do que palavras e oferecem um meio seguro para explorar temas difíceis.


Fonte: Revista Saúde