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11 Abril

DIA NACIONAL DO NEUROCIRURGIÃO: especialidade de alta complexidade que salva vidas

A cada trauma craniano, AVC ou diagnóstico de tumor no cérebro, há a necessidade de um especialista da neurocirurgia para agir com precisão. No dia 14 de abril, é celebrado o Dia Nacional do Neurocirurgião, data que chama a atenção para uma das especialidades médicas mais complexas e decisivas da medicina. São apenas 4.145 profissionais titulados no Brasil, segundo a Demografia Médica 2023.

Com 25 anos de profissão e 17 dedicados à Santa Casa de Maringá, o neurocirurgião Guilherme Cabral de Andrade compartilha a rotina intensa e o compromisso exigido daqueles que escolhem cuidar do sistema nervoso central. “O paciente neurocirúrgico é 100% prioridade. Ele precisa de atendimento imediato, e o neurocirurgião precisa estar sempre disponível até o momento da alta”, afirma. A complexidade começa na formação: cinco anos de graduação, cinco de residência médica, além de outras especializações. No caso de Cabral, foram mais três anos em neurorradiologia intervencionista, totalizando 13 anos de preparo.

Na prática hospitalar, o neurocirurgião atua tanto em emergências como em procedimentos eletivos. Entre os casos graves e imediatos estão traumas de crânio, AVCs (isquêmicos e hemorrágicos), tumores com aumento da pressão intracraniana, hérnias de disco e hidrocefalias. “Também acompanhamos pacientes em consultas, fazemos retornos cirúrgicos e planejamos cirurgias programadas”, explica.

Com foco constante e resiliência, o profissional precisa estar preparado para lidar com decisões rápidas e consequências permanentes. “O limiar de erro é menor. A pressão é maior. O paciente pode sair da cirurgia com a vida transformada — para o bem ou para o mal. Por isso, o compromisso precisa estar acima de tudo, até da vida pessoal e familiar do médico”.

A neurocirurgia também se diferencia por estar entre as áreas que mais absorvem inovações tecnológicas. Microscópios cirúrgicos, neuronavegadores, aparelhos de hemodinâmica, aspirador ultrassônico, técnicas endovasculares e outras revolucionaram o tratamento de doenças que antes tinham prognóstico mais desafiadores.

Cabral destaca o impacto da ressonância magnética na compreensão de patologias e o avanço das técnicas minimamente invasivas que reduzem o tempo de internação e aumentam a qualidade de vida dos pacientes. “O boom da técnica endovascular nos anos 1990, por exemplo, possibilitou tratar aneurismas antes de ocorrerem sangramentos, o que salvou inúmeras vidas a partir da virilha. Foi um grande avanço das técnicas endovasculares”.

Entre tantos casos marcantes, ele lembra de um paciente de 17 anos, goleiro de um time semiprofissional. O jovem sofria de uma doença rara e de alta complexidade no córtex motor, região responsável pelos movimentos. “A cirurgia tinha alto risco de paralisia no lado direito do corpo. Conversamos sobre tudo, e a cirurgia foi um sucesso. Momentos assim não têm preço. É quando você sente que fez a diferença”.

Para quem pensa em seguir esse caminho, o médico deixa um conselho: “Nunca escolha essa profissão pelo impacto social. Não pode ser por ego. Se não gostar de atender o ser humano, não faça medicina. A rotina, com o tempo, você acostuma. Mas perder um paciente, mesmo tendo feito tudo certo, deixa cicatrizes para sempre. É preciso estar preparado para sensações tão antagônicas geradas por salvar e perder vidas. Cuidar de vidas exige técnica, coragem, humanidade e muita resiliência. É isso que move quem escolhe ser neurocirurgião”.